Consultamos especialistas em educação e reunimos ideias que estimulam boas atitudes e ajudam a desenvolver desde cedo na criança uma consciência de seu papel no mundo, incluindo seus direitos e deveres
Martin Barraud / Getty Images
![{txtalt}](http://planetasustentavel.abril.com.br/imagem/seu-filho-um-cidadao-meio1.jpg)
Por definição, cidadão é um indivíduo com direitos civis e políticos garantidos por um Estado - ou seja, em tese, seu filho já nasceu cidadão. Mas a teoria não basta. É preciso aprender, praticar e cultivar a cidadania. Boa parte dos valores éticos essenciais para que ele, no futuro e agora, viva bem em sociedade vem da escola. "É lá que a criança tem as primeiras experiências mais sólidas em termos de vida pública e aprende a conviver, como alguém que pertence a um lugar e a um grupo", diz Maria Teresa Eglér Mantoan, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped), da mesma instituição. Mas as noções de respeito por si mesmo e pelo outro, a solidariedade e a tolerância para conviver bem com a diversidade também nascem em casa. Tudo começa pela postura que os pais assumem tanto nos domínios domésticos quanto na comunidade da qual fazem parte. Atitudes cotidianas até simples, como caminhar pelo bairro para conhecê-lo melhor ou puxar uma conversa crítica sobre um filme que a família acaba de ver, ajudam a formar filhos cidadãos. Consultamos especialistas e reunimos as principais.
SEJA UM BOM MODELO
Um ótimo ponto de partida é mostrar - não com palavras, mas com ações - que a família tem consciência de seus direitos e deveres e age de modo participativo na sociedade. Isso inclui ir a reuniões e eventos promovidos pela escola em que os filhos estudam, não faltar a assembleias de condomínio, comparecer às urnas para eleger governantes consciente de seu voto, opinar em referendos e inteirar-se de questões importantes para seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país. Mas as atitudes do dia a dia contam, e muito. Então, atenção: do banco de trás do carro, seu filho percebe se você dá ou não passagem para pedestres, se sempre segue as regras de trânsito - ou as burla quando está com pressa, por exemplo - e se costuma parar em fila dupla ao deixá-lo na escola. E nota a gentileza e o bom senso (ou a falta desses atributos) no trato com parentes, amigos, colegas de trabalho e empregados. "Crianças e adolescentes são muito observadores. Veem tudo", afirma a psicóloga Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de casais, em São Paulo. Ela ressalta que, por isso, vale comentar quando pessoas fazem algo errado. "Você pode dizer: Olha só, um motorista parado bem em cima da faixa. Isso não é legal ", sugere. O papo deve acontecer de modo natural e fluido, não parecer ensaiado ou ter ar de lição de moral. Uma das bases para formar um cidadão crítico é você mostrar quem é de verdade, suas crenças e seus princípios.
ATIVE O SENTIMENTO DE PERTENCER
Cidadania tem tudo a ver com sentir-se parte integrante de um grupo e corresponsabilizar-se por ele. Primeiro, a própria família. "Os pais precisam falar sobre ela e mostrar quem é esse conjunto de pessoas mais próximas, sua história e seus hábitos. Assim, a criança começa a entender como seus parentes convivem e quais são os limites que ela mesma ocupa dentro dessa célula", diz Maria Teresa, do Leped, da Unicamp. Quando bem trabalhado na esfera micro, o sentimento de pertencimento facilita a convivência na esfera macro - não importa aqui se estamos falando de outras crianças no parque, da turma do clube ou de colegas da escola. Segundo experts, esse sentimento de pertencer a algo, que gera comprometimento, é essencial para seu filho entender que "estar com o outro" é diferente de apenas "estar junto do outro" - pressupõe compartilhar e respeitar. De acordo com Maria Teresa, "o papel da família é central para as crianças perceberem que, fora de casa, elas também têm compromissos com o mundo que as cerca". Mais adiante, essas noções contribuirão para dar sentido à ideia de nação, na qual podemos reclamar se nossos direitos não são assegurados, mas também precisamos assumir deveres para o bem comum.
INVISTA NA PARCERIA COM A ESCOLA
Uma vez que tanto a vivência em família como as experiências no ambiente escolar são fundamentais para a construção e o fortalecimento das noções de cidadania, nada mais sensato do que buscar uma sólida parceria. "Todas as instituições sociais participam do processo educativo. Mas a escola é aquela destinada a educar de modo organizado e sistemático. É ali que são partilhados, de forma intencional e específica, os conhecimentos, as crenças e os valores de uma sociedade", afirma Terezinha Rios, doutora em educação e colunista da revista Nova Escola Gestão Escolar, da Fundação Victor Civita.(planetasustentavel)
Nenhum comentário:
Postar um comentário