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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Vítimas voltarão à Kiss para megarreconstituição
Departamento de Criminalística quer reunir testemunhas na boate após o Carnaval
Uma nova, maior e mais completa reconstituição da tragédia na boate Kiss, que provocou a morte de 238 jovens em Santa Maria, está prevista para os próximos dias. A intenção do Departamento de Criminalística do Instituto-geral de Perícias (IGP) é reproduzir em detalhes os fatos que marcaram a madrugada de 27 de janeiro com a presença dos sobreviventes do incêndio.
Ao todo, estima-se que mais de 500 pessoas escaparam da morte e podem, de alguma maneira, ajudar na elucidação das causas do desastre, tratada como prioridade no IGP. A Polícia Civil deverá encaminhar aos peritos os depoimentos prestados pelas vítimas e, a partir deles, será planejada a simulação, em parceria com os agentes. Ainda não há informações sobre quantas pessoas serão convocadas, já que isso dependerá das condições físicas e psicológicas de cada uma.
A ideia dos técnicos responsáveis pela perícia é juntar o maior número possível de participantes. Quando as testemunhas estiverem definidas, será agendada uma data, posterior ao Carnaval, para reconstituir o incêndio. Os peritos voltarão a Santa Maria especialmente para fazer essa simulação, em parceria com a Polícia Civil e os colegas que atuam no posto de criminalística da cidade.
Com base nas declarações feitas aos investigadores, as testemunhas serão posicionadas dentro da boate, cujos entulhos começaram a ser removidos nesta semana. Cada pessoa mostrará aos peritos e policiais para onde correu na hora das chamas, como conseguiu sair da casa noturna e, principalmente, o que viu durante os momentos de pânico. Essas impressões ajudarão a confirmar o foco das chamas, que seria o teto do palco, e a dinâmica da fumaça.
Os peritos querem esclarecer por que o gás decorrente da combustão não se dissipou e se havia obstáculos na saída, entre outras dúvidas. Uma primeira reconstituição foi feita pela Polícia Civil no dia 30, mas com apenas cinco testemunhas – seguranças, funcionários e frequentadores – e sem a presença dos especialistas do IGP. Todo o trabalho pericial deve estar concluído em até 30 dias, com o laudo final, que conterá os resultados de análises feitas em laboratório e uma planta em 3D do local. Por enquanto, nenhuma possibilidade está descartada. Segundo o diretor do Departamento de Criminalística, Antônio Pedro da Luz Figini (leia entrevista ao lado), os melhores profissionais foram destinados ao caso.
OS PASSOS DA PERÍCIA
- A coleta
Peritos estiveram na Kiss ao menos três vezes, coletando indícios, como a espuma do teto, os extintores e o que sobrou do sinalizador usado pela banda.
- A análise
Uma amostra da espuma será queimada, e a fumaça passará por um equipamento capaz de determinar as substâncias dissipadas com a combustão.
- As reconstituições
Além de simular a tragédia, os peritos testarão diferentes modelos de sputnik para saber como se comportam quando acionados perto da espuma. O objetivo é confirmar se o sinalizador causou o incêndio.
- A planta da boate
Um perito recorrerá a um software usado por arquitetos e engenheiros para compor a planta exata da boate, em 3D. A planta embasará o laudo final.
- A equipe
O Rio Grande do Sul é um dos poucos Estados com grupo especializado na elucidação de incêndios. Uma das três melhores do país e com mais de uma década de experiência, a equipe tem arquitetos e engenheiros químicos, eletricistas, civis e de materiais.(Zero Hora)
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